quinta-feira, 18 de julho de 2013

Festa no Jardim



Fonte: Jardim Cor
De: Raul Cânovas
Fiquei sabendo que hoje teremos uma festa no jardim. As plantas mais exuberantes, as flores mais viçosas e as composições mais inspiradas são as convidadas deste banquete bucólico, regado com os orvalhos das melhores safras. Neste meio tempo, fui alertado por uma comissão de beija-flores, que neste mesmo jardim, seria celebrada uma outra comemoração, homenageando uma árvore muito querida.

O líder da revoada que, aliás, era o mais colorido de todos me sussurrou, minuciosamente, os preparativos comandados por um azulão e uma coruja, que se revezavam dia após dia e noite após noite para aprontar esse que seria o maior de todos os festejos. O pássaro azul alertava para que todas as flores se unissem em braçadas coloridas e instruía centenas de borboletas para que, juntas, formassem uma boana de reflexos luminosos, também tentava convencer uma araponga a martelar apenas no início do evento e silenciar em seguida, para não atrapalhar; já no início da noite entrava em ação a coruja, que chirriava sem parar, esclarecendo a fauna noturna qual seria a missão de cada bicho, para que a árvore anosa e amada por todos, arrepiasse de emoção cada folha de sua enorme copa; preparava um coro de sapos que deveriam coaxar afinadamente, no meio de um cordão de formigas atentas, enquanto uma miríade de cigarras estrilavam num arvoredo um pouco mais distante, os grilos deveriam entrar, no momento certo, cricrilando um alegro sustenido, para animar o concerto.

Por fim, chegou o grande momento que, solenemente, foi anunciado com a fala de um papagaio loquaz e muito sábio. Teve muita alegria com as seriemas gargalhando sem parar, os bem-te-vis assobiando suas melhores melodias e até um elenco de araras, taramelando versos inspirados.
Mas o momento mais emocionante, mais comovente, foi quando a velha árvore falou, e ela disse assim: “Quando chegar ao final de minha vida, e deixar de ser uma árvore, quero ser transformada em uma arca, uma enorme arca e aí, já incompleta, sem os musgos que agora me abraçam, guardar algumas das coisas mais belas deste mundo, antes que se percam no esquecimento ou, se deteriorem para sempre. Vou querer conservar as esperanças de Jesus, a humildade do Buda, a felicidade de Maomé e a responsabilidade que Moisés assumiu perante seu povo. Igualmente, vou defender do olvido aquela teimosa e valente flor que, fora da estação, surge no meio da escarcha e, também, o galho que se agarra ao último raio de sol.”

Nesse momento, os vaga-lumes se esforçavam para iluminar o cenário. E a árvore continuou: “Quando for uma arca, vou preservar o bem supremo de todo jardim… a harmonia”. Dito isso, de maneira reverente, inclinou sua fronde que cintilava graças a uma constelação de estrelas.
Um bando de macaquinhos, fantasiados de ciganos, aplaudiam sem parar.

Raul Cânovas

Raul Cânovas nasceu em 1945. Argentino, paisagista, escritor, professor e palestrante. Com 50 anos de experiência no mercado de paisagismo, Cânovas é um profissional experiente e competente na arte de impactar, tocar, cativar e despertar sentimentos nos mais diversos públicos - www.raulcanovas.com.br.

Um ponto imaginário






Já pensou em ter um jardim secreto?
Um espaço silencioso e misterioso, desconhecido do mundo.
Um lugar recôndito que fosse só seu, protegido por uma cerca inacessível, às vezes grávida de pétalas à desabrochar, outras quieta e esmorecida em sua verde languidez?
 

O texto na integra no: Jardim Cor

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Cinquenta histórias de BH

Cinquenta histórias que costumam ser contadas pelos belo-horizontinos sobre a capital que completa 116 anos

Fonte: http://vejabh.abril.com.br/edicoes/cinquenta-historias-costumam-ser-contadas-pelos-belo-horizontinos-capital-completa-116-anos-762410.shtml

 Muitas das lendas são verídicas. Mas não faltam lendas repetidas à exaustão por aí. Não, não há sete mulheres para cada homem nesta cidade

por João Renato Faria e Paola Carvalho | 11 de Dezembro de 2013

VEJA BH selecionou cinquenta histórias que costumam ser contadas pelos belo-horizontinos sobre a capital, que completa 116 anos na quinta (12). Muitas são verídicas. Mas não faltam lendas repetidas à exaustão por aí. Não, não há sete mulheres para cada homem nesta cidade...



Uma “bruxa” morava no lugar onde foi construído o Palácio da Liberdade?

Para a construção da capital, os antigos habitantes do Curral del Rei foram removidos do vilarejo, e suas casas, demolidas. Onde está hoje o Palácio da Liberdade ficava a residência de uma mulher conhecida como Maria Papuda, que era mesmo tida como bruxa na vizinhança. Ao ser desalojada, ela jogou uma “maldição” sobre os futuros hóspedes do prédio, que seria a sede do poder estadual: governadores morreriam ali, no exercício do mandato. As mortes de Silviano Brandão (1848-1902) e João Pinheiro (1860-1908) acabaram dando força à história. Depois, ainda morreram enquanto moravam lá Raul Soares (1877-1924) e Olegário Maciel (1855-1933). Só na gestão de Juscelino Kubitschek (1902-1976), na década de 50, o Palácio das Mangabeiras foi construído e passou a abrigar a família dos chefes do governo estadual.




Nelinho conseguiu chutar uma bola para fora do Mineirão?

Famoso por seu chute potente, o lateral-direito - que jogou pelo Atlético, pelo Cruzeiro e pela seleção brasileira - foi desafiado pela Rede Globo em 1979 a chutar, do gramado do Gigante da Pampulha, uma bola que atingisse mais de 30 metros de altura e caísse do lado de fora do estádio. Após algumas tentativas, o craque cansou. Estava prestes a desistir quando finalmente mandou a redonda longe.




O Pirulito já foi retirado da Praça Sete?

O obelisco de 13,5 metros de altura começou a ser construído para ser um marco do centenário da Independência do Brasil, em 1922. O atraso nas obras, porém, fez a inauguração ocorrer dois anos depois. Em 1962, o prefeito Amintas de Barros o removeu da Praça Sete de Setembro para dar passagem aos carros. Levado para a Praça Diogo de Vasconcellos, na Savassi, ele ficou por lá até 1980. Foi necessária uma mobilização da população para levá-lo de volta.




O copo lagoinha só se chama assim em BH?
No resto do país, o copo produzido desde a década de 40 pela indústria Nadir Figueiredo é conhecido como americano. Ele tem esse nome por se inspirar nas linhas de um modelo comum nos Estados Unidos. Em BH, a primeira loja a receber o utensílio ficava na Praça Vaz de Melo, no bairro Lagoinha. A notícia de que o produto só era encontrado ali, aliada ao seu uso frequente na região mais boêmia da cidade, fez o nome pegar.



O jardim zoológico foi construído em um campo de golfe?
A instalação da sede do chamado Golf Club era parte do projeto de Juscelino Kubitschek para o desenvolvimento da Pampulha como um espaço de lazer. Registros fotográficos de 1943 mostram a preparação do terreno e a visita de JK, então prefeito da cidade. O esporte, no entanto, não teria tido grande aceitação por parte dos belo-horizontinos. Não se sabe ao certo por quanto tempo o Golf Club se manteve em funcionamento. O zoológico foi inaugurado em 1959.



Janet Leigh, protagonista de Psicose, de Alfred Hitchcock, já esteve em BH?
A americana Janet Leigh encantou os fãs belo-horizontinos quando esteve na capital, em 1961. Organizada pelo escritório de divulgação do governo dos Estados Unidos, a visita de três dias ocorreu no auge da repercussão do filme Psicose. A atriz foi recebida pelo então governador Magalhães Pinto e teve um encontro com estudantes do Instituto Cultural Brasil-Estados Unidos (Icbeu).



A Coca-Cola comprou o Guarapan para eliminar a concorrência?
O refrigerante mineiro feito com maçã nunca foi um problema para a companhia líder mundial de bebidas. Na verdade, ele sempre foi fabricado por empresas parceiras, que tinham contrato para produzir também a Coca, em sistema de licenciamento. Desde 2000, a marca Guarapan pertence à multinacional, que mantém sua produção para venda exclusiva na região metropolitana.



Arquivo EM/D.A Press

Pelé foi garoto-propaganda do Mineirão?
Com o estádio ainda em obras, em 1963, o craque do Santos foi convidado pelo governo estadual para ser o garoto-propaganda da venda de cadeiras cativas. Para a produção da campanha, ele visitou o canteiro de obras do Mineirão, acompanhado do colega de clube Zito.



Um carro desengrenado consegue subir a Rua do Amendoim?
Há quem acredite que o minério imantado sob o asfalto da rua do bairro Mangabeiras atrai o veículo e o faz se mover. Mas é pura ilusão de óptica. A explicação está na topografia. Dependendo do ângulo de visão, a via parece uma subida, quando na verdade é um declive. E os carros não precisam de empurrãozinho nenhum para descer. É o curso natural.



Só casais podem entrar no Top Bar, no Centro?
Localizado no 24º andar de um edifício na esquina da Avenida Afonso Pena com a Rua Tamoios, o bar nunca impediu a presença de pessoas desacompanhadas. “Todo dia liga alguém aqui perguntando isso”, diz a dona, Andréa Cotta. “Nunca inventamos essa regra.” Ela reconhece, porém, que os bancos foram desenhados para receber duas pessoas lado a lado. “Quem vem sozinho costuma ficar deslocado.”



A Feira Hippie é a maior da América Latina?
Montada todos os domingos sobre o asfalto da Avenida Afonso Pena, a nossa Feira Hippie é reconhecida como a maior a céu aberto do continente. Com 2 169 barracas, a Feira de Artes, Artesanato e Produtos de Variedades (esse é o nome oficial) recebe até 80 000 visitantes a cada semana.



Existem quilombos em BH?
Há por aqui três comunidades com 47 famílias remanescentes de escravos, segundo a Secretaria Municipal de Direitos de Cidadania. A Mangueiras fica no bairro Monte Azul (Nordeste); a Manzo, no Santa Efigênia (Leste); e a Luizes, no Grajaú (Oeste). O patriarca da Luizes, Vitalino Moreira, foi escravo em fazendas de Nova Lima, antes da exploração mineral na região. “Quando conseguiu alforria, comprou terras por lá, que trocou com os ingleses por uma área maior, onde hoje é o bairro Grajaú”, conta o quilombola Rodrigo Marques. “Ele não sabia que havia ouro em sua primeira propriedade.”




Victor Schwaner/Odin

Os jacarés da Lagoa da Pampulha vieram do Pantanal?

“Essa história de que trouxeram jacarés do Pantanal e os soltaram aqui é mentira”, garante Daniel Vilela, técnico do Ibama. Segundo ele, os bichos são da espécie papo-amarelo, comum na nossa região. Ninguém sabe ao certo quantos são os répteis, já que eles não costumam ameaçar as pessoas e, por isso, nunca foram contados. Há pelo menos uma família desses animais na Lagoa da Pampulha. “Tivemos registro de filhotes há dois anos, o que significa que há pelo menos um casal se reproduzindo”, diz Vilela.



A área onde está a rodoviária já foi um mercado municipal?
Até os anos 60 funcionava, no lugar onde hoje está a rodoviária, a Feira de Amostras. A primeira estação rodoviária da cidade foi aberta em 1941, em um prédio atrás do mercado, na Avenida do Contorno. Uma década depois, porém, o terminal já não comportava o volume de ônibus e passageiros. O então governador Israel Pinheiro, aconselhado pelos arquitetos Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, resolveu demolir a feira para ampliar e modernizara rodoviária, que foi reinaugurada em 1971.



Com muitas fontes de água, o nosso solo não é propício para o metrô subterrâneo?
Não é por nenhuma explicação geológica que o nosso metrô ainda não ultrapassou os 28 quilômetros de extensão. “No mundo todo se abrem túneis onde há presença de lençol freático”, afirma o engenheiro Diego Vettori Azevedo, da Metrominas, autarquia responsável pelos projetos de expansão desse meio de transporte. “A futura Linha 3, que ligará a Savassi à Lagoinha, será toda subterrânea.”



A loira do Bonfim existiu?
É uma lenda com inúmeras versões, mas sem comprovação. A mais contada é a de uma bela mulher que, nas décadas de 40 e 50, frequentava a zona boêmia da cidade e, nas madrugadas, vestida de branco, seduzia os homens. Ninguém resistia aos seus encantos. Ao fim do encontro, ela se despedia, entrava no cemitério e desaparecia misteriosamente. Antigos moradores do bairro contam que ela parecia uma noiva e também podia ser vista no último assento do bonde.



A coxinha de catupiry é uma invenção belo-horizontina?
Foi a quituteira Thereza Cristina Martins de Oliveira, da extinta Doce Docê, quem criou a receita depois de receber de seu irmão o pedido para inventar um salgado que valesse por um almoço. A casa na Praça ABC lançou a novidade nos anos 70. “Pensei em misturar ao frango algum tipo de requeijão. Achei esse queijo cremoso, que se chamava catupiry, e comprei duas latas para testar”, lembra Thereza. “Dava fila na loja todo dia.” Logo a novidade foi copiada no resto do país.



Belo Horizonte tem o maior aquário de água doce do Brasil?
Dentro do zoológico, na Pampulha, 22 tanques reproduzem o ambiente do Rio São Francisco. Cerca de 2 200 peixes, de mais de sessenta espécies da bacia hidrográfica do Velho Chico, vivem ali. O volume de água é de impressionar: são 900 000 litros. Só no aquário principal são 500 000 litros.



Temos sete mulheres para cada homem?
A história de que existem mais de sete moças para cada rapaz por aqui é mito, uma desculpa falsa para as que estão sozinhas. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base no Censo 2010, a relação é de 1,13 mulher para cada homem. Na faixa entre 18 e 39 anos, essa relação é ainda mais equilibrada: 1,02.



Nossa cidade é a que mais produz pão de queijo?
A capital pode ser a campeã no ranking estadual do consumo da irresistível guloseima. Mas é a vizinha Contagem que tem o título de maior fabricante de pão de queijo do país. É lá que fica a fábrica da Forno de Minas, responsável por 45% do mercado nacional. De suas esteiras saem, por mês, cerca de 1 600 toneladas do produto.



Já houve guerra por aqui?
O mastro cravejado de balas no 12º Batalhão de Infantaria, no Barro Preto, é símbolo do confronto entre cerca de 450 homens do Exército e 4 000 da Força Pública, antiga Polícia Militar de Minas Gerais, durante a Revolução de 30, ocorrida de 3 a 8 de outubro. “A Força Pública apoiou Getúlio Vargas e, ainda sem saber que o Exército também tinha aderido, quis tomar o quartel”, lembra o reservista João de Souza Armani. “Houve resistência e mais de sessenta pessoas foram mortas.”



Os carroceiros precisam ter carteira de habilitação?
Quem quer circular de carroça pelas ruas de Belo Horizonte precisa ter a Autorização para Conduzir Veículos de Tração Animal. Para obter o documento, que vale por cinco anos, é preciso fazer, além do licenciamento e do emplacamento da carroça, um curso de capacitação oferecido pela BHTrans. Nas aulas teóricas, que duram quatro horas, são ensinadas noções de trânsito e dicas de como lidar com o tráfego no comando dos animais.



A música Garota Nacional foi composta por causa de uma mulher que Chico Amaral viu no Bar Nacional?
Parceiro do vocalista Samuel Rosa em várias canções do Skank, o saxofonista diz que não existiu uma musa inspiradora. “A tal garota pode ser qualquer uma que frequentava o lugar”, afirma. Ele garante que não se trata de uma referência à proprietária da casa, Anésia Cambraia. “Não sei de onde tiraram essa história.”



A Praça da Liberdade já foi o ponto mais alto de BH?
Na época da fundação da nova capital mineira, os limites de Beagá eram dados pela Avenida do Contorno. E a Praça da Liberdade era realmente o ponto mais alto da cidade. Mas o lugar escolhido para abrigar a sede do governo, reunindo secretarias e autarquias, logo perdeu o posto com a expansão da capital para as montanhas além da via circular.



Deixamos de ser a capital do Estado uma vez por ano?
Todo dia 16 de julho, a capital é transferida para Mariana, a 116 quilômetros de BH. A data celebra a fundação da cidade, que foi a primeira capital do Estado, em 1696. Nesses dias, o governador em exercício agracia com a medalha Dia do Estado de Minas Gerais personalidades e instituições que contribuíram para o desenvolvimento estadual.



O prato kaol, do Café Palhares, foi criado pelo compositor Rômulo Paes?
O criador do verso “Minha vida é esta, subir Bahia e descer Floresta” só é responsável pelo batismo da combinação de arroz, ovo e linguiça que é servida ali desde os anos 50. Era comum pedir uma cachaça para acompanhar a refeição. Por isso, Paes juntou as iniciais e criou o termo kaol, com o k no lugar do c de cachaça.



A Avenida do Contorno sempre teve esse nome?
No projeto do engenheiro Aarão Reis, o traçado da cidade incluía uma malha com ruas perpendiculares cortadas por largas avenidas em diagonal. Os quarteirões tinham dimensões regulares. A avenida que delimitava essa área urbana foi batizada de Dezessete de Dezembro. Mas, por sua característica, até mesmo Aarão Reis a chamava de Avenida do Contorno.



Parte daqui a única linha interestadual de trem de passageiros do país?
Todos os dias, às 7h30, sai da Praça da Estação rumo à capital capixaba, Vitória, um trem da Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM), controlada pela Vale. Trata-se do único trem de passageiros diário que conecta dois estados no Brasil. Para percorrer o trajeto de 664 quilômetros, gastam-se cerca de treze horas. Mais de 1 milhão de pessoas fazem o percurso a cada ano.



Arquidiocese BH

A Praça do Papa foi construída para receber a visita de João Paulo II?
O gramado de 22 000 metros quadrados ao fim da Avenida Agulhas Negras e aos pés da Serra do Curral foi escolhido para ser o altar em que o papa João Paulo II celebraria uma missa campal, em 1º de julho de 1980. Só um ano depois foi aprovado o projeto para a criação da Praça Governador Israel Pinheiro, inaugurada em 1983. Os belo-horizontinos, porém, sempre se referem a ela como Praça do Papa.



O entorno do Mineirão era usado para corridas de carro?
O quadrilátero composto das avenidas Antônio Abrahão Caram, Coronel Oscar Paschoal, Presidente Carlos Luz (Catalão) e C, que circundam o estádio, era transformado em circuito automobilístico entre 1969 e 1972. Foram realizadas cinco corridas no local, três vencidas pelo piloto Toninho da Matta, com seu Opala número 21.



A Avenida Otacílio Negrão de Lima é a maior de Belo Horizonte?
Ela tem 17,4 quilômetros de extensão, apenas 600 metros menos que a orla da Lagoa da Pampulha. Primeira no ranking das maiores vias da cidade, a Avenida Otacílio Negrão de Lima é seguida pelas avenidas do Contorno (12,7 quilômetros), Cristiano Machado (12,1 quilômetros) e Amazonas (9,15 quilômetros). Já a de maior movimento é a Avenida Cristiano Machado, que registra um fluxo de 125 000 veículos por dia.



O imóvel do antigo bar do Lulu foi a casa de Guimarães Rosa?
O imóvel histórico fica na esquina das ruas Congonhas e Leopoldina, no bairro Santo Antônio. Antes de sediar o tradicional bar, foi residência do escritor. A construção também serviu como cenário para a gravação de O Menino Maluquinho, filme do diretor Helvécio Ratton, baseado na obra do cartunista mineiro Ziraldo.



A cobertura vegetal da Praça da Liberdade foi feita com alpiste?
Em 1920, o rei Alberto I, da Bélgica, fez uma visita ao Brasil e esteve em Belo Horizonte. Para recebê-lo, a Praça da Liberdade foi completamente reformada, ganhando o traçado de inspirações francesas que tem até hoje. Sem tempo para esperar o gramado pegar, a prefeitura usou alpiste, que brota rápido e tem um efeito visual parecido. Mas a cobertura vegetal atual, claro, é de grama convencional.



Nem sempre nos chamamos Belo Horizonte?
Quando o arraial foi elevado a município, em 1893, ganhou o nome de Cidade de Minas. No ano seguinte, deu-se a largada para o trabalho de construção da nova capital, chefiado por Aarão Reis. Foi só em 1901, quatro anos após a inauguração, que o governador João Pinheiro da Silva baixou um decreto determinando o nome atual da cidade.



Nossa primeira escada rolante foi a da Galeria do Ouvidor?
Em 1964, o centro comercial foi o primeiro lugar público de grande circulação a ter uma escada rolante. A novidade, entretanto, já existia desde 1961 no Edifício Maletta, de uso misto, com apartamentos, salas e lojas. Há anos, porém, nossa primeira escada rolante não funciona. “O custo da revitalização e da manutenção é inviável para os lojistas da sobreloja, que, pelo regimento interno, devem arcar com a despesa”, diz o síndico, Amauri Reis.



Noel Rosa já morou por aqui?
Na batalha contra a tuberculose, o sambista carioca trocou a boemia das noites do Rio de Janeiro pelo clima mais puro de BH. Mudou-se em 1935 com a mulher, Lindaura, para a casa de uma tia, na Floresta. Trabalhou na Rádio Mineira e entrou em contato com compositores como Rômulo Paes. Acabou retomando os velhos hábitos. Ele ficou na capital só alguns meses, mas deixou como herança a canção que leva o nome da cidade: “Belo Horizonte / deixe que eu conte / bom mesmo é estar aqui”.



O Parque Municipal tinha pista de patinação?
Com 555 000 metros quadrados, o parque foi inaugurado dois meses antes da fundação da capital, em 1897. Ao longo do tempo, foi ganhando novos equipamentos, como o Velo Club, que promovia corridas de bicicleta e de velocípede. Na década de 20, foram instaladas quadras de tênis e pista de patinação. Hoje, no entanto, o parque tem apenas 182 000 metros quadrados, um terço da área original.



Líderes políticos, como os ex-governadores Raul Soares e Olegário Maciel, têm os túmulos mais visitados do Cemitério do Bonfim?
Os túmulos mais visitados no Bonfim são o da Irmã Benigna e o do Padre Eustáquio, embora os restos mortais de ambos não estejam mais lá, e sim em igrejas. O terceiro na lista dos que mais atraem visitantes é o da chamada Menina Marlene, que teria sido vítima de violência sexual e tido uma morte trágica. “A morte misteriosa alimenta a imaginação popular”, diz a professora de história da Uemg, Marcelina Almeida. “Muitos acreditam que ela tem o poder de operar milagres.”



Os motoristas que avançam o sinal vermelho não são multados durante a madrugada?
Quem não espera o sinal de trânsito ficar verde pode se dar mal. Os radares registram avanços durante a madrugada, sim. Somente nos casos em que o semáforo está amarelo piscante, entre meia-noite e 5h30, é que o motorista pode seguir adiante. Quem passa pelo sinal vermelho, em qualquer horário, comete infração gravíssima, que rende 7 pontos na carteira de habilitação.




Gustavo Andrade/Odin

O Parque das Mangabeiras é uma área de mata nativa?

A área de 2,8 milhões de metros quadrados na Fazenda do Capão sediou a primeira estação de tratamento de água de BH e já foi usada para a exploração de minério de ferro. Em 1966, a prefeitura, para preservar a Serra do Curral e dar à população uma nova área de recreação, resolveu transformar o espaço em um parque. Em parte do terreno, novas árvores tiveram de ser plantadas. No início dos anos 70, um projeto paisagístico foi encomendado a Burle Marx.



Max e Igor Cavalera, do Sepultura, frequentaram rodinhas de violão da turma do Clube da Esquina, no Santa Tereza?
Apesar de terem passado a adolescência no mesmo bairro, os irmãos metaleiros não conviveram com a turma de Milton Nascimento. Mas o Clube da Esquina faz parte, sim, ainda que indiretamente, da história da banda. Foi Solange Borges, irmã de Lô e Telo, quem os ensinou a afinar os instrumentos. Ela ouviu um dos primeiros ensaios do grupo e, com pena deles, resolveu ajudá-los.



O Palácio das Artes foi inicialmente projetado por Oscar Niemeyer?
Em 1941, o então prefeito Juscelino Kubitschek encomendou o projeto ao arquiteto. A construção, contudo, sofreu várias interrupções até 1966, segundo a Fundação Clóvis Salgado. O governador Israel Pinheiro foi quem nomeou uma comissão especial para concluir a obra. O arquiteto Hélio Ferreira Pinto teve de adaptar o projeto de Niemeyer às novas necessidades, como mais espaço para o teatro, por exemplo.



O Centro Cultural Belo Horizonte, na Rua da Bahia, já foi uma igreja?
Não é raro ver gente fazendo o sinal da cruz ao passar diante do prédio neogótico, que nunca abrigou um templo. A confusão é por causa do estilo do edifício, bastante associado ao das igrejas. Ele foi construído em 1914, para abrigar o Conselho Deliberativo, antecessor da Câmara Municipal. Sediou ainda a Rádio Mineira, a Biblioteca Pública e o Museu de Mineralogia Djalma Guimarães.



Frequentadores do Bar do Ponto bebiam cachaça em xícaras de café?
O estabelecimento funcionou até 1937 na esquina da Avenida Afonso Pena com a Rua da Bahia, onde hoje está o hotel Othon Palace, e tinha esse nome por causa de uma estação de bondes que havia em frente. Como a cachaça era malvista pela sociedade na época, os apreciadores da branquinha pediam a bebida na louça, para não chocar as famílias que passassem na porta do bar.



O Atlético é o time mais antigo da cidade?
Quando o alvinegro foi fundado, em 1908, Belo Horizonte já contava com outra equipe havia pelo menos quatro anos. O Sport Club Football, que usava camisa preta e calção branco, foi criado por Vitor Serpa, um estudante carioca que aprendeu a jogar futebol na Suíça. Aos trancos e barrancos, o time durou até 1909, quando fechou as portas após perder três jogos seguidos para o recém-criado Atlético. Com a extinção do clube, o Galo passou a ser o mais antigo em atividade.



O Cruzeiro já se chamou Yale?
O Palestra Itália, antigo nome da Raposa, foi fundado em 1921 por membros da colônia italiana em BH. O clube surgiu como uma dissidência do Yale, que já existia na cidade desde 1909. Os dois times chegaram a disputar partidas entre si até 1925, quando o Yale, sem conseguir se recuperar do racha que deu origem ao Palestra, se desfiliou da Liga Mineira.



Arcebispos estão enterrados na Igreja da Boa Viagem, no Centro?
Na tradição da Igreja Católica, os arcebispos são sepultados nas catedrais de suas dioceses ou arquidioceses. Há uma cripta onde estão enterrados dom Antônio dos Santos Cabral e dom João Resende Costa - respectivamente, o primeiro e o segundo arcebispos de Belo Horizonte. A cidade teve outros dois: dom Serafim Fernandes de Araújo, de 89 anos, e o atual, dom Walmor Oliveira de Azevedo, de 59.



Os escritores Carlos Drummond de Andrade e Fernando Sabino costumavam escalar os arcos do Viaduto Santa Tereza?
Morador do bairro Floresta, Drummond subia - por pura molecagem - no monumento construído em 1929 quando estava voltando do trabalho. A estripulia acabou inspirando Fernando Sabino e seus amigos Hélio Pellegrini, Paulo Mendes Campos e Otto Lara Resende, nos anos 40, e virou uma passagem do livro O Encontro Marcado. Sabino exagerou na altura dos arcos. Na obra, eles tinham 50 metros. A realidade é bem mais modesta: são 14 metros de altura e cerca de 1 metro de largura.



Quem cai no Ribeirão Arrudas pode morrer intoxicado?
Presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, a médica Lucinéia Carvalhais diz que isso pode, sim, acontecer. “Depende do estado de saúde da pessoa, do tempo de exposição e da quantidade de água ingerida”, explica. Entre as doenças que podem ser transmitidas estão hepatite A, leptospirose, parasitoses intestinais, diarreias bacterianas e infecções de pele. O esgoto aspirado pode provocar uma grave pneumonia.